Zaragoza é a capital da comunidade autónoma de
Aragão e está a meio do caminho entre Madrid e Barcelona. Até ser escolhida
como sede da Expo 2008, suas principais atações concentravam-se à volta da
magnífica basílica de Nuestra Señora del Pilar e suas onze cúpulas de azulejo
colorido. O bairro antigo que a circunda tem pracinhas tranquilas, edifícios
imponentes, lojas, restaurantes e um belíssimo mercado art nouveau. Na ala nova
da cidade, a construção estrela é a ponte criada pela arquiteta iraniana Zaha
Hadid. A escultura gigante une o parque da Expo à passarela que conecta o lugar
à estação de trem, atravessando uma pequena ilha.
Palácio da Aljafería
A Aljafería, palácio fortificado construído na segunda metade do século
XI, na época de Amade Almoctadir, em Saragoça, e que servia como coresidência
dos reis hudidas,reflete o esplendor alcançado pela Taifa de Saragoça no
momento de seu máximo apogeu político e cultural.
Sua importância reside no fato de que é o único testemunho conservado
de um grande edifício da arquitectura islâmica espanhola da época das Taifas.
De modo que, se conserva um magnífico exemplo do Califado de Córdoba, sua
Mesquita (século X), e outro do "canto do cisne" da cultura islâmica,
La Alhambra de Granada, esta já do século XIV, deve-se incluir na tríade da
arquitectura hispano-muçulmana a Aljaferia de Saragoça (século XI) para
conhecer as realizações da arte taifa dessa época intermédia de reinos independentes
anterior à chegada dos almorávidas.
Depois da reconquista de Saragoça em 1118 por Afonso I, O Guerreiro
passou a ser residência dos reis cristãos de Aragão, com o que a Aljaferia se
converteu no principal foco difusor do mudéjar aragonês. Foi utilizada como
residência régia por Pedro IV, o Cerimonioso e posteriormente, na planta
principal, foi efetuada uma reforma que converteu estas estâncias em palácio
dos Reis Católicos em 1492. Em 1593 experimentou outra reforma que a
converteria em fortaleza militar, primeiro segundo desenhos renascentistas (que
hoje se podem observar no seu entorno, fosso e jardins) e mais tarde como
aquartelamento de regimentos militares. Sofreu reformas contínuas, e grandes
danos, sobretudo com os Sítios de Saragoça da Guerra da Independência Espanhola
até que finalmente foi restaurada na segunda metade do século XX e atualmente
acolhe as Cortes de Aragão.
Em sua origem a construção se fez extramuros da muralha romana, no
plano de que seria o local onde os muçulmanos desenvolveriam seus exercícios
militares conhecido como "La Almozara". Com a expansão urbana através
dos anos, o edifício terminou por ficar dentro da cidade. Possui apenas um
pequeno entorno ajardinado que fica insulado pelas ruas que passam a poucos
metros dali.
Torre do Trovador
A edificação mais antiga da Aljaferia é a chamada
"torre do Trovador", que recebeu este nome a partir do drama
romântico de Antonio García Gutiérrez, El trovador, de 1836. Este drama foi
convertido em libreto para a ópera de Giuseppe Verdi, Il Trovatore, de 1853.
Trata-se duma torre defensiva, de planta
quadrangular e cinco pisos, que data de finais do século IX, no período
governado pelo primeiro Tuyibi, Muhammad Alanqar, que foi nomeado por Maomé I,
emir independente do Emirado de Córdoba. A torre mantém vestígios da base dos
grossos muros de aparelho de silhares de alabastro em sua parte inferior, e
continuada com outros unidos por concreto simples de gesso e cal, cada vez mais
finos à medida que ganham altura. O exterior não reflete a divisão interna em
cinco pavimentos e aparece como um enorme prisma maciço apenas cortados por
vãos falhados. O acesso ao interior era feito através duma pequena porta em
altura de modo que do solo somente se poderia acedê-la com uso duma escada. Sua
função inicial era, por estes indícios, eminentemente militar.
Poço de abastecimento
O primeiro pavimento conserva a estrutura
construtiva do século IX, que abriga duas naves e seis intervalos separados por
dois pilares cruciformes dos quais partem arcos de ferradura rebaixados. Apesar
de sua simplicidade, conformam uma edificação equilibrada, que acolhe o teto ao
modo das mesquitas califais e que podem ser usadas para banhos.
O segundo piso repete o mesmo esquema espacial do
precedente, e se observam restos do feitio muçulmana do século XI nos
ladrilhos, o que indica que este foi reconstruído possivelmente na época do
palácio de Amade Almoctadir.
O terceiro pavimento, cuja estrutura também seria
do século XI, com arcos também de ferradura, aparecem pinturas no teto com
motivos geométricos da arte mudéjar, onde se podem ler os nomes de Enéas, Amor
e Vênus, e que datam, possivelmente, do século XIV. Algo similar ocorre no
aspecto dos dois últimos andares, de feitio mudéjar, e cuja construção se deve
à edificação do palácio Pedro IV em anexo, e que está em comunicação com a
Torre do Trovador por um corredor, configurando-se assim qual uma torre de
menagem. Os arcos desses andares já reflectem a estrutura cristã, pois são
arcos ligeiramente pontiagudos, e suportam tetos ao invés de abóbadas, e sim
estruturas planas em madeira.
Sua função, nos séculos IX e X era a de torre de
vigia e bastião defensivo. Estava rodeada por um fosso. Foi integrada depois
pelos hudidas na construção do castelo-palácio da Aljaferia, constituindo-se
numa das torres da trama defensiva do lado norte externo. A partir da conquista
cristã, seguiu-se o uso como torre de menagem e em 1486 converteu-se em prisão
para a Inquisição espanhola. Como torre-prisão foi usada também nos séculos
XVIII e XIX, como demonstram as numerosas inscrições feitas ali pelos
encarcerados.
O palácio taifal
A construção do palácio foi ordenada por Amade
Almoctadir ("O Poderoso"), segundo monarca da dinastia dos hudidas,
como símbolo do poder alcançado pela Taifa de Saragoça na segunda metade do
século XI. O rei em pessoa chamou ao seu palácio de "Alcácer Alçurur"
(Palácio da Alegria) e a sala do trono onde presidia as recepções e embaixadas
de "Mailis Aldaabe" (Salão Dourado), como atestam os versos seguintes
de sua própria autoria:
“Oh, Palácio
da Alegria!, Oh, Salão Dourado!
Graças a vós
cheguei ao cume dos meus desejos.
E mesmo que
no meu reino não tivesse outra coisa,
para mim sois
tudo o que poderia sonhar.”
O nome Aljaferia é documentado pela primeira vez
num texto de Aljazar de Saragoça (entre 1085 e 1100) e outro de Ibn Idari de
1109, como derivação do prenome de Almoctadir, Abu Jafar, e de «Ja'far»,
«al-Jafariyya», que evoluiu para «Aliafaria» e daí a «Aljaferia».
A disposição geral do conjunto do palácio adopta o
arquétipo dos castelos omíadas do deserto da Síria e Jordânia da primeira
metade do século VIII (como os de Alcácer Alair Alçarci, Msatta, Jirbate
Almafiar e, já na primeira etapa abássida, o castelo de Ujaidir) que eram de
planta quadrada e com torreões ultra-semi-circulares no panos (Lanço de
muralha, etc., em obra que tem mais de uma face) com um espaço central
tripartido, que deixa assim três espaços rectangulares dos quais o central
aloja um pátio com tanques e, nos extremos setentrional e meridional deste, os
salões palatinos e as dependências da vida quotidiana.
Na Aljaferia se rende homenagem a este modelo de
castelo-palácio, cuja zona nobre está situada no segmento central de sua planta
quadrada, se bem que o alinhamento dos lados dessa planta seja irregular. O
retângulo central que acolhe as dependências palacianas, organizado em torno
dum pátio com reservatórios frente aos pórticos norte e sul ao qual confluem as
estâncias e salões reais.
Ornamentação em ataurique, século XI
Nos extremos norte e sul situam-se os pórticos e
dependências de habitação, e no caso da Aljaferia, o mais importante destes sectores
é o norte, que originalmente estava dotado de um segundo andar e possuía maior
profundidade, além de ser precedido por uma testada de colunas aberta e
profusamente decorada, que se estendia em dois braços através de dois pavilhões
em seus flancos e que servia de pórtico teatral ao salão do trono (o
"salão dourado" dos versos de Almoctadir) situado ao fundo. Com era
produzido um jogo de alturas e diversos volumes cúbicos que começavam pelos
corredores perpendiculares dos extremos, ressaltando com a presença da altura
do segundo piso e finalizando com a torre do Trovador, que oferecia seu volume
ao fundo à vista do espectador situado no pátio. Todo ele, reflectido pelo
algibe (cisterna), realçava a ala real, o que se corroborava com a presença no
extremo oriental da testada norte de uma pequena mesquita privada, com mirabe.
No centro do muro norte do interior do Salão
Dourado havia um arco cego – onde ficava o rei – em cuja rótula se dispunha uma
trama geométrica bem tradicional imitando a gelosia da fachada do mirabe da
Mesquita de Córdoba, edifício que se procurava copiar. Deste modo, desde o
pátio, aparecia semi-oculto pelas tramas de colunas tanto a arcaria de acesso
ao Salão Dourado, como as do pórtico imediato, que davam um aspecto de gelosia,
uma ilusão de profundidade, que causava admiração ao emprestar esplendor à
figura do monarca.
Para recordar o aspecto do palácio em fins do
século XI tem-se que imaginar que todos os relevos de vegetais, geométricos e
epigráficos estavam policromados em tons em que predominava o vermelho e o azul
para os fundos, e o dourado para os relevos que, junto com os rodapés de
mármore branco, davam ao conjunto um aspecto de grande magnificência.
As diversas alterações sofridos pela Aljaferia
fizeram desaparecer desta disposição do século XI grande parte dos estuques que
compunham a decoração e, com a construção do palácio dos Reis Católicos em
1492, todo o segundo pavimento, desapareceram os arremates dos arcos taifais.
Na restauração actual se observam em cores mais escuras os atauriques originais
e em acabamento branco e liso a reconstrução em gesso da decoração dos arcos,
cuja estrutura, esta sim, permaneceu imutável.
A decoração das paredes do Salão Dourado
desapareceu em sua maior parte, ainda que se tenham conservado restos de seus
ornatos no Museu de Saragoça e no Museu Arqueológico Nacional de Madrid.
Francisco Iñíguez iniciou sua restauração, repondo as decorações que existiam
em seus locais de origem e extraindo lances completos das arcadas do pórtico
sul.
Estas foram as funções e aspectos do palácio Hudi
do século XI.
Plaza del Pilar
A famosa Plaza del Pilar é o endereço mais querido
dos zaragozanos e uma das praças mais bonitas da Europa. Além de ser um lugar
importante para os cristãos, é também ponto de encontro cívico. No centro da
praça levanta-se majestosa a Basílica de Nuestra Señora del Pilar ou,
simplesmente El Pilar, que é um dos templos marianos mais importantes do mundo.
Conta a lenda que a Virgem Maria teria aparecido, no ano 40, ao apóstolo
Santiago, que estava na data em Zaragoza. A virgem entregou a Santiago uma
coluna de jaspe (o “pilar”), para que sobre ele fosse construído um templo. O
pilar da lenda deu nome ao templo e pode ser visto no seu interior, sustentando
a imagem da Virgem.
Catedral-Basílica de Nossa Senhora do Pilar
A Catedral-Basílica de Nossa Senhora do Pilar, no
centro da cidade de Saragoça, é o maior templo barroco de Espanha.
Reza a lenda que a basílica fica no exacto local
onde Maria, mãe de Jesus, teria surgido ao apóstolo Tiago, em cima de um pilar
ou coluna, quando este andava a pregar aos povos da Península Ibérica.
História
O apóstolo Tiago encontrava-se em Cesaraugusta, nas
margens do rio Ebro, junto a um pequeno grupo de convertidos que tinham
escutado e acreditado na sua pregação. Ainda assim, os restantes
cesaraugustanos não acreditavam no apóstolo, pelo que este começou a perder
forças e a questionar-se sobre se teria sentido continuar a espalhar a mensagem
de Jesus nesta terra. Quando a sua fraqueza pelo desânimo lhe fez perder o seu
valor, viu Maria, a mãe de Jesus, rodeada de anjos que vinham desde Jerusalém
para confortá-lo e renovar os seus ânimos. A Santíssima Virgem entregou a
Santiago o Pilar, a Coluna de jaspe que hoje sustenta a sua imagem, como
símbolo da força que devia ter a sua fé. Este episódio sucedeu-se na madrugada
do dia 2 de Janeiro do ano 40 do século I. Maria conversou com Santiago e
encarregou-o de levantar um templo sobre a Coluna ou Pilar que trouxe,
convertendo-se assim no primeiro santuário Mariano da cristandade.
A segunda catedral da Plaza del Pilar (embora
tecnicamente esteja na Plaza de la Seo) é a Catedral del Salvador, conhecida
pelos zaragozanos como La Seo. Foi declarada Patrimônio Mundial da Humanidade
pela UNESCO, como obra-prima da arte mudéjar em Aragão. É também a primeira
catedral cristã de Zaragoza. Em cada pedra da Catedral del Salvador encontra-se
parte da história da cidade. A catedral foi erguida no mesmo lugar ocupado
inicialmente pelo templo do foro romano de Caesaragusta, e depois pela
principal mesquita de Saraqusta. Como resultado de sucessivas reformas e
ampliações, a catedral contém hoje uma grande mistura de estilos arquitectónicos,
do românico até o neoclássico, passando pelo gótico, o renascentista e o
barroco.
“Casco Viejo” é o nome que recebe o centro
histórico de Zaragoza, que corresponde com o urbanismo da antiga Caesaragusta,
a Zaragoza Romana. A lista de atrações no Casco Viejo é interminável: as
muralhas romanas, o Torreón de la Zuda, o Mercado Central, Santa Isabel de
Portugal, a Plaza de San Felipe, o teatro romano, o Tubo, a Plaza de Santa
Marta, o Arco del Deán ou a Torre de la Magdalena são algumas, além das já
mencionadas El Pilar e La Seo.
EL TUBO
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