Mosteiro de Santo Estêvão de Ribas de Sil
O mosteiro de Santo Estêvão de Ribas de Sil (em
galego: mosteiro de Santo Estevo de Ribas de Sil; em castelhano: monasterio de
San Esteban de Ribas de Sil) é um antigo mosteiro beneditino de três claustros
situado em Nogueira de Ramuín, na província de Ourense. Foi reabilitado como
estabelecimento hoteleiro pela Junta da Galiza e cedido a Paradores de Turismo
da Espanha. É considerado um bem de interesse cultural.
As origens se remontam na nevoenta época do
eremitismo cristão no período do Reino Suevo impulsionado por Martinho de Dume
que teve um enclave privilegiado na Ribeira Sacra. Porém não será até 921
quando se tem a primeira testemunha documental; trata-se de uma autorização do
rei da Galiza Ordonho II ao abade Franquila para a reconstrução de um cenóbio
muito antigo dedicado ao primeiro mártir do cristianismo, Santo Estêvão.
Quando a regra de Bento de Núrsia começou a
espalhar-se, avançando ao século X, em Galiza, este mosteiro apareceu como um
dos grandes centros monásticos do Reino da Galiza após o impulso dado ao
monasticismo por Aldara de Celanova e o seu filho Rosendo de Celanova. Dessa
época foi a tradição que falava da retirada de nove bispos a este mosteiro,
assim como da possível residência da rainha Goto nele, após a morte do seu marido
o rei da Galiza Sancho Ordonhes. Os nomes dos nove bispos eram Vimarasio,
Gonçalo, Osório, Froalengo, Servando, Viliulfo, Paio, Afonso e Pedro. Procediam
das dioceses de Coimbra, Ourense, Iria Flávia e Astorga. Todos eles foram tidos
por santos pela veneração popular, o que fez de Santo Estêvão de Ribas de Sil
um centro de peregrinação.
O rei da Galiza e Leão Afonso IX dotou de um amplo
couto jurisdicional, que fez deste mosteiro não só um centro de estudo, oração,
esmola e hospitalidade senão também um núcleo de poder feudal livre do domínio
senhorial. Entre os seus priorados estavam outras importantes comunidades (como
o mosteiro de Santa Cristina de Ribas de Sil e o mosteiro de São Vicente de
Pombeiro, também na Ribeira Sacra) todos eles catalisadores de actividades
agrícolas, florestais e artesanais, para além das propriamente culturais e
religiosas.
As medidas políticas dos Reis Católicos, com
submetimento dos mosteiros do Reino da Galiza às novas cabeceiras castelhanas,
fizeram que este fosse integrado na Congregação de Valedolide. Após a agitação
dos últimos anos da Idade Média (revolução irmandinha, descabeçamento da
nobreza galega, implantação da Santa Irmandade e da Real Audiência do Reino da
Galiza, resplandeceu um período de estabilidade e boas colheitas que
propiciaram uma importante renovação arquitectónica em estilo renascentista e
barroco. A chegada do abade de São Martinho Pinário e de Frei Juan de Corcuera,
encarregados de aplicar a reforma beneditina nos mosteiros desta ordem no Reino
da Galiza, impulsionaram as obras de reforma sobre a estrutura medieval.
A desamortização acabaria com o esplendor deste
mosteiro. Foi iniciativa de Aurelio Miras Portugal, de acordo com o bispo de
Ourense monsenhor Carlos Osoro, levar a cabo a sua reabilitação integral para
uso hoteleiro em 1998, o que permite que em 2004, mediante convénio com a Junta
da Galiza, o Estado Espanhol instalasse nele um Parador de Turismo para a
dinamização turística da Ribeira Sacra.
O projecto de reabilitação foi redigido pelo
arquitecto Alfredo Freixedo Alemparte.
A Igreja é de estilo românico e protogótico. A
actual igreja encetou-se em 1183 e consta de três naves e uma tripla abside
semicircular. As três naves estão cobertas por abóbada em cruzaria. A abside
central apresenta uma peculiaridade de ser mais baixa que as laterais. A
fachada é simples e de uma época posterior (século XVIII), presidida por uma
imagem do Santo Estêvão e enquadrada por sendas torres piramidais e balcões
corridos. No interior o retábulo de quatro corpos foi obra de Juán de Angés.
Salienta-se um retábulo de pedra medieval onde representa Jesus Cristo com os
doze apóstolos.
O claustro processional ou dos Bispos apresenta
arcos de meio ponto românicos na planta baixa e arcos de tipo carpanel
renascentistas na superior, coroada por uma obra de traceria típica de um
gótico florido tardio. Sustêm a estrutura contraforte de secção prismática. No
século XVI a cobertura de madeira foi substituída por abóbadas de cruzaria
estrelada.
O claustro da Portaria, de grandes dimensões e com
alas distribuídas em três corpos, e um terceiro claustro, de dois corpos, têm
influência herreriana da mão de Diego de Isla com arcos de meio ponto.
A cozinha é de planta quadrada e está coberta por
abóbadas de cruzaria encolada de arcos de meio ponto.
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